Em novembro de 2022, Cat Power subiu ao palco do icónico Royal Albert Hall para reinterpretar, canção por canção, um dos concertos mais transformadores da história da música. A apresentação original ocorreu em maio de 1966 no Manchester Free Trade Hall, mas ficou conhecida como o “Concerto do Royal Albert Hall”. Esse evento marcou a controversa transição de Bob Dylan do acústico para o elétrico, provocando a ira de puristas do folk e mudando para sempre os rumos do rock. Nesta recriação, Cat Power imprimiu às canções uma mistura de intensidade e delicadeza, substituindo uma certa tensão anárquica do show original por uma alegria calorosa e luminosa. O concerto foi transformado no álbum ao vivo “Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert”. Neste registo Cat Power presta homenagem ao legado de Dylan enquanto revitaliza algumas das suas canções mais emblemáticas. O espectáculo seguiu o formato original: a primeira metade foi acústica e a segunda elétrica, com o apoio de uma banda à altura do desafio. A cantora, que desde pequena tem uma ligação profunda às músicas de Dylan, optou por não ensaiar as partes vocais, confiando que a essência da música está no momento. Entre os destaques estão versões profundamente emocionais de clássicos como “She Belongs To Me”, “Just Like a Woman” e “Mr. Tambourine Man”. Na parte elétrica, a intensidade cresceu até atingir o seu ápice com “Ballad of a Thin Man”, em que Marshall transformou o tom sarcástico de Dylan em algo mais emocional, mas igualmente poderoso. No final, com “Like a Rolling Stone”, a artista trouxe compaixão e energia para encerrar o espetáculo em grande estilo. Cat Power mostrou o poder da interpretação ao oferecer novas dimensões às canções de Dylan, numa performance que foi, ao mesmo tempo, uma homenagem e um ato de devoção a um artista que moldou gerações. E este momento passa por Portugal no próximo verão, na edição de 2025 do Festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley. Cat Power canta Dylan no dia 29 de junho.