Mayra Andrade não é apenas um tesouro da música cabo-verdiana, é também um tesouro da música de todo o mundo, exemplo de uma expressão artística que faz daquilo que é local a matéria da sua projeção. Mayra nasceu em Cuba, mas cresceu entre o Senegal, Angola, Alemanha e, claro, Cabo Verde, e isso talvez ajude a explicar o facto de encontrarmos várias músicas dentro da música da cantora. E só assim se consegue entender verdadeiramente a história da Mayra, a partir deste mundo onde tudo se faz próximo: em 2001 venceu os Jogos da Francofonia, em Ottawa, Canadá, com uma canção em crioulo cabo-verdiano, em 2002 começa a apresentar-se na Praia e no Mindelo em Cabo Verde, em 2004 atua num dos mais conhecidos bares de world music, o Satellit Café, em Paris, em 2016 muda-se para Portugal e, ao longo destes anos, colabora com nomes da música de todo o mundo: Cesária Évora, Chico Buarque, Caetano Veloso, Charles Aznavour, Mariza, Pedro Moutinho, entre muitos outros. E esse abraço ao mundo também fica evidente quando ouvimos os seus discos, desde a estreia “Navega”, até “Manga”, editado em 2019. Após cinco discos, Mayra Andrade optou por retornar à essência do seu processo criativo, o mais íntimo. Em “reEncanTO”, acompanhada pelo guitarrista Djodje Almeida, a vocalista e compositora revisita o seu repertório nos termos mais simples: só voz e guitarra, base da música cabo-verdiana. Assim, “reEncanto” consagra a simbiose de uma dupla para uma experiência real com o seu público, num momento de partilha e de grande emoção. A cantora atua dia 30 de junho, nos Jardins do Marquês – Oeiras Valley.